quinta-feira, 21 de julho de 2011

A mascara caiu !!


É preciso deixar cair as Máscaras

O sermão daquela noite calou no coração do novo convertido.
A pastora incentivava os ouvintes a visitarem os excluídos, descamisados e pedintes.
As portas do templo estariam abertas para recebê-los.
“São pessoas que precisam de nossa atenção, carinho e assistência”.
Imitemos Jesus, vamos ao encontro deles – dizia a pregadora.

Enlevado por tão nobre sentimento de amor cristão, o recém-convertido lançou a sua rede.
Conversou com homens sem emprego e sem teto, moradores de rua, e os convenceu a visitar a igreja.
Ardiam no seu peito as sábias palavras da pastora.

Certa noite, uma hora antes de iniciar o culto, os mendigos chegaram ao templo.
Orientados e dirigidos pelo jovem irmão, os visitantes, trajando suas melhores vestes,
foram direto para o banheiro. Tomaram um gostoso banho e se deram ao luxo de usar um bom sabonete e toalha limpa.
Depois da limpeza do corpo, viria a limpeza espiritual. Ficaram sentados na primeira fila.
O novo convertido aguardava ansioso o momento de comunicar a sua obra à pastora.
Receberia elogios de seus líderes; os demais irmãos iriam seguir seu exemplo;
aqueles homens iriam receber com alegria a Palavra; mudariam de vida;
uma comissão seria formada para dar assistência contínua aos excluídos,
agora nossos irmãos em Cristo; haveria grande alegria no céu; os anjos diriam amém.

Enquanto sonhava, alguém bateu no seu ombro:
- Olha, meu chapa, vá ver a sujeira que essa gente que você trouxe fez no banheiro!
Era o irmão-zelador. E disse mais: - Da próxima vez que trouxer esse pessoal,
você mesmo vai limpar tudo!

Essa foi a primeira decepção. A outra foi ver o desconforto que aqueles pobres causaram à congregação.
Os visitantes ficaram isolados. Ninguém os cumprimentou. Nem a pastora.
Ao contrário, havia um ar de reprovação à presença de pessoas de classe social tão baixa.
As senhoras e donzelas, com jóias caras e ricos vestidos, fulminavam os mendigos com olhares furtivos de repugnância.
Igual procedimento seria dispensado a um político de terno e gravata que ali estivesse pela primeira vez?

O humilde líder dos miseráveis começou a tremer nas bases. Não estava acreditando.
Então, é tudo mentira no Cristianismo? São sepulcros caiados? São todos hipócritas? Não, não pode ser.
Vou falar com a pastora. Falou e ouviu:
- Meu irmão, as coisas não são bem assim. Você agora trouxe oito mendigos; amanhã outros virão.
Não temos estrutura para isso. É certo que preguei aquele sermão, mas foi em tese.

Como é difícil ser verdadeiro cristão, pois “aquele que diz que está nele também deve andar como Ele andou” (1 Jo 2.6).

Tiremos nossas máscaras e, sem vergonha, reflitamos sobre nossa condição de “desgraçado, miserável, pobre, cego e nu”.
Os pobres, tanto quanto os ricos, precisam de Cristo. Igreja é lugar de conserto, de renovação, de nova vida,
de compaixão, de amor e misericórdia.
Que venham todos comer do pão da vida.
Venham os sedentos, os tristes, oprimidos e desconsolados,
“porque o meu jogo é suave, e o meu fardo é leve”.

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